quinta-feira, 29 de março de 2012

Deus ou o Big Bang?

Há cristãos que continuam convictos de que, para serem coerentes com a fé que receberam da Igreja, precisam recorrer a uma interpretação literal da Bíblia, como se ela fosse um livro de ciências naturais ou de história universal. Para o Papa Bento XVI, ao invés, nada impede que se acredite que o universo tenha tido a sua origem num Big Bang conduzido por Deus.

Foi o que deixou entrever na quinta-feira, dia 6 de janeiro de 2011, festa da Epifania de Jesus, data em que o Evangelho de Mateus fala de uma estrela que conduziu uns magos desde o Oriente até Belém: «Há pessoas que querem nos fazer acreditar que o universo é resultado do acaso. Pelo contrário, contemplando o universo, somos convidados a pensar na sabedoria de Deus e na sua criatividade inacabável».

Foram várias as vezes em que o Papa se pronunciou sobre a evolução do universo, apesar de raramente se haver referido ao Big Bang, a imponente explosão que os cientistas acreditam ter ocorrido há 14 bilhões de anos, da qual se iniciou a formação do cosmos.

Para Bento XVI, a ciência, por si só, não é suficiente para chegar ao âmago da realidade, que só pode ser apreendida através do acordo entre inteligência e fé, ciência e revelação, as duas luzes que guiaram os Reis Magos a Belém. Em sua opinião, algumas teorias científicas apoquentam a mente e deixam sem resposta as questões mais importantes: «Só é possível compreender a beleza do mundo, o seu mistério, a sua grandeza e a sua racionalidade se nos deixarmos guiar por Deus, criador do céu e da terra».

Se a religião não pode tomar o lugar da ciência, esta, por sua vez, deve perder seu orgulho de autossuficiência e entender que muito da realidade escapa ao seu alcance. Numa palavra, imitar o exemplo dos Magos, autênticos buscadores da verdade: apesar de sábios - ou melhor, por isso mesmo -, não se envergonharam de pedir auxílio à religião para chegar a Belém. Eram homens de ciência - em seu sentido mais amplo - que observavam o cosmos e o consideravam um grande livro, cheio de sinais e mensagens de Deus para o homem. Uma ciência que, ao invés de se julgar autossuficiente, se abria a revelações e mensagens divinas.

Assim sendo, o título que dei ao artigo deveria ser mudado: ao invés de "Deus ou o Big Bang", o certo seria "Deus e o Big Bang".

Não são poucos os que defendem o criacionismo e combatem o evolucionismo porque julgam que somente assim se pode salvar a existência e a ação de Deus. Para eles, criação e evolução não podem andar juntas. Para manter intacta a fé, apegam-se ao relato da criação como as primeiras páginas da Bíblia o descrevem -, no máximo, substituindo os seis dias por períodos, ciclos ou eras.

Entretanto, criação e evolução fazem parte de um único processo: o universo teve início num ato de amor de Deus e continua sendo desenvolvido e completado por ele - sobretudo através da atividade humana - ao longo dos tempos. A criação aconteceu no passado e acontece no presente, num processo lento e constante, resultado de uma infinidade de altos e baixos, que deveriam conduzir progressivamente a humanidade a níveis cada vez mais elevados.

"Deveriam", porque o pecado fez sua aparição no mundo e, com ele, tudo ficou mais complicado. Em todo caso, quem não se deixa contaminar por ele, descobrirá que o universo, a natureza e principalmente o ser humano refletem muito da beleza, da grandeza e do amor de Deus. Nem precisará de argumentos que provem a existência de Deus: em toda a parte, ser-lhe-á visível o milagre divino.

É também por isso que, quanto mais cristão ele for, mais se preocupará com o planeta, para que a criação continue seu caminho evolutivo onde o espírito e a vida tenham a primazia. Nesse processo, ao invés de um obstáculo, a fé se transformará num facho luminoso a guiar a inteligência e a atividade humana, até que se realize a utopia vislumbrada pelos profetas: «Vou criar um novo céu e uma nova terra» (Is 65, 17), e realizada por Jesus: «No final, Cristo entregará o Reino a Deus Pai, depois de ter destruído as forças do mal. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, ele também se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos» (1Cor 15,24.28).

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Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados - MS

Fonte: http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=art&cat=110&scat=82&id=4639

Um comentário:

  1. As explicações que o homem busca para a sua existência estão na Bíblia.

    "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais." 1 Coríntios 2:13

    "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." Hebreus 11:1


    O PRINCIPIO DA CRIAÇÃO

    "No princípio criou Deus os céus e a terra"

    Gênesis 1:1-3
    v.1 – “No princípio, criou DEUS os céus e a terra”.

    v.2 – “A terra, porém, estava [hb.: hayah; sig.: “tornar-se”] sem forma [hb.: tohuw sig.: “desolação”, “caos”] e vazia [hb.: bohuw; sig.: “ruína]; havia trevas sobre a face do abismo, e o ESPÍRITO de DEUS pairava por sobre as águas”.

    Esse texto precisa se compreendido em conformidade com os melhores manuscritos. Embora, sempre temos uma nova Bíblia pra satisfazer os consumidores cristãos, ainda não temos uma versão que definitivamente venha corrigir alguns erros tão gritantes em sua composição gramatical.

    Veja que o versículo 2 diz: “A terra, porém, estava sem forma e vazia”. Aqui temos uma infeliz tradução. A terra não “estava sem forma e vazia” – ela se tornou sem forma e vazia”. Entre os versículos 1 e 2 de Gênesis 1, existem segundo os eruditos, um espaço de tempo que não podemos determinar. Talvez aqui esteja a explicação para a existência dos dinossauros. Sabemos que houve uma catástrofe, e por isso, ela se “tornou sem forma [hb.: tohuw sig.: “desolação”, “caos”] e vazia [hb.: bohuw; sig.: “ruína]”.

    DEUS criou a terra em perfeita ordem. Mas um dia, como podemos ver em Isaias 14.12-15 e Ezequiel 28.12.19, Lúcifer que era um querubim ungido, se rebelou, e em conseqüência da sua rebelião, ele foi lançado por terra. Foi justamente aqui que a terra tornou-se “sem forma e vazia”.

    Isaias 45.18 nos dá com clareza a resposta para essa aparente dificuldade literária. Vejamos: “Porque assim diz o SENHOR, que criou [hb.: bara] os céus, o DEUS que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos [hb.: tohuw; sig.: “sem forma”], mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro”.

    DEUS criou a terra para ser “habitada” e não para ser um “caos” – [“sem forma”]. Ele a criou perfeita, mas por causa da rebelião de Lúcifer, ela se tornou “sem forma e vazia”.

    Então, o texto correto de Gênesis 1.1 e 2 é assim: “No princípio, criou DEUS os céus e a terra. A terra, porém, se tornou sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o ESPÍRITO de DEUS pairava por sobre as águas”.

    Espero poder ter ajudado.

    Deus Abençoe !
    Fabio

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